quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Psicologia - "Conhecer Pessoas"

Atenção estudantes de Psicologia!  
Acessem a página especícifica da disciplina "Ética" neste blog  e acompanhem as nossas aulas e atividades.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Democracia - Renato Lessa

Quino, autor da “Mafalda”, desiludido com o rumo deste século no que respeita a valores e educação, deixou impresso nos *cartoons* o seu sentimento.

Pernas
Cérebro
Contato humano
Cultura
O próxiimo a quem amar
Ideais, moral, honestidade
Deus
É importante que desde pequeno aprendas bem como as coisas são.

domingo, 8 de agosto de 2010

"O que faz o brasil, Brasil" (Roberto DaMatta)

Os estudantes do curso de História (2º sem) URCA iniciaram o cliclo de apresentações de trabalhos tendo como objetivo debater da complexa questão da nossa "identidade" enquanto brasieliros.  Para isso fundamentaram-se na obra do conhecido antropólgo Roberto DaMatta, associando com pesquisas sobre a cultura local.   O resultado tem proporcionado momentos de descontração e aprendizagem. 
 
Vejam os registros fotográficos:

1. "O que faz o brasil, Brasil: a questão da identidade"

4. "Sobre comidas e mulheres"
2 "A casa, a rua e o trabalho"

7 "O modo de  navegação social: a 'malandragem' e o 'jeitinho'
8 "Os caminhos para Deus"
5. "O carnaval ou o mundo como teatro e prazer"
Degustação de mungunzá
6. "As festas da ordem"
Degustaçãoo de mungunzá

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

"Ser pobre é ser culpado até que se prove ao contrário?"

Assistam o documentário "Nos olhos da esperança" através do link
http://nosolhosdaesperanca.blogspot.com/  e postem seus comentários procurando responder: "Ser pobre é ser culpado até que se prove ao contrário?"  Essa questão interessa a todos nós, e merece uma atenção especial de quem pretende atuar do campo do Direito.   Com a ajuda da Sociologia podemos compreender as questões sócio-econômicas que caracterizam a Justiça e a Polícia no nosso país.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A arte de sensibilizar o olhar... (ANTROPOLOGIA)

"A arte de sensibilizar o olhar ou por que ensinar antropologia?" (Débora Krischke Leitão)

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. "
Livro dos Conselhos
. *

Marcel Duchamp se permite uma licença poética para definir a pintura como atividade retínica, como arte do olhar. Proponho que se pense então a questão da Antropologia no ensino médio, se não como uma arte do olhar, como um exercício de brincar com a retina. Ensinar Antropologia seria, assim, possibilitar e estimular jogos de luzes, de ângulos e distâncias.
Um par de óculos e uma centenas de lentes
A relação do homem com o mundo é sempre mediada por suas ferramentas. Ele constrói, apreende e interpreta a realidade a partir dos instrumentos que lhe são fornecidos pela cultura. Tecelão quase compulsivo de si próprio, borda sem cessar teias de significados para dar sentido ao mundo (GEERTZ,1989:15) Essas teias, onde se misturam pontos abertos e fechados, novos e antigos, e linhas de todas as cores, são a cultura. É a partir desse véu da cultura, dessas lentes, que vemos então as coisas, os outros, e a nós mesmos.
Cada cultura, entretanto, teria seu par de lentes próprio, ou, no máximo, um certo número de lentes utilizáveis, um certo leque de possibilidades de formas de ver o mundo. As lentes de uma sociedade nunca são as mesmas de outra (BENEDICT, 1997:19). Ainda que tenham semelhanças, são encontradas certas nuanças e particularidades. O que pode ser considerado ponto comum entre todos os homens é a armação, a existência dos óculos em si. As lentes, sempre diferentes, vão variar em espessura, cor e formato.
Uma vez vendo os outros por detrás dessas lentes, e a partir de uma visão de mundo, há uma tendência em considerar nossa forma de ver e fazer as coisas como a mais correta, ou mesmo a única correta. Tal postura etnocêntrica consiste em tomar o que é nosso como o verdadeiro, e o que é do outro (e o que é o outro) como digno de reprovação, dando assim aos nossos valores um suposto caráter de universalidade (TODOROV, 1993: 21).
Uma vez estando ao nosso lado todas as verdades e a certezas, estaríamos autorizados a interferir, em nome de nossa bondade e piedade, no que é do outro. Partindo desse pressuposto muitas formas de dominação, e mesmo etnocídios, tentaram ser legitimados.
O Etnocentrismo não é, entretanto, exclusividade de nossa sociedade ocidental e moderna. É um fenômeno que se registra por toda a parte. Sobre o assunto, Heródoto já nos contava que:

"Se fosse dada a alguém, não importa a quem, a possibilidade de escolher entre todas as nações do mundo as crenças que considerasse melhores, inevitavelmente... escolheria as de seu próprio país. Todos nós, sem exceção, pensamos que nossos costumes nativos e a religião em que crescemos são os melhores... Existe uma multiplicidade de evidências de que este sentimento é universal... Poderíamos lembrar, em particular, uma anedota de Dario. Sendo ele rei da Pérsia, chamou alguns gregos presentes em sua corte e perguntou-lhes quanto queriam em troca de comer os corpos de seus pais defuntos. Os gregos replicaram que não havia dinheiro suficiente no mundo para fazer isso. Depois perguntou a alguns índios da tribo chamada Callatie - que realmente comem os corpos de seus pais defuntos - quanto queriam para queimá-los (referindo-se, é claro, ao costume grego da cremação). Os índios exclamaram horrorizados que nem se devia falar em coisa tão repugnante"*

Binóculos: explorando territórios desconhecidos
Partir para o território do outro, dar espaço ao que não é familiar: esse é o primeiro passo para uma possível transformação do olhar, uma relativização de ponto de vista. A curiosidade do homem sobre si próprio sempre existiu, mas a passagem do curioso, do exótico e do bizarro, para uma consciência da alteridade é que marca realmente o pensamento do homem sobre o homem (LAPLANTINE, 1995:13), e a reflexão a respeito da diferença.
A diversidade cultural só pode ser compreendida se a postura frente ao estranho e ao estrangeiro se tornar mais flexível e permitir existência da diferença enquanto diferença, não enquanto hierarquia.
Deve-se então, em primeiro lugar, aceitar que o outro existe, conhecê-lo e reconhecê-lo. É preciso perceber que somos apenas uma das culturas possíveis, e não a única. Conhecendo as diferentes formas de lidar com o mundo, as diferentes respostas dadas pelas mais diversas culturas é que se pode relativizar o que nos é o estranho, tentando encontrar, assim, no olhar do outro, o ponto de partida. Nossas lentes muitas vezes nos cegam, quando tentamos ver o que está distante. Ajustemos então essas lentes para mais longe, não deixando que nos ceguem para o outro e, principalmente, nos tornem míopes para nós mesmos.
Ensinar a olhar é, assim, antes de tudo, apontar os caminhos desse olhar, fazendo nascer a consciência da diversidade cultural e da pluralidade das culturas.
O Jogo dos Espelhos
É a partir do reconhecimento do outro que eu posso, finalmente, entender quem sou. Cruzar a fronteira, deixando meu território, é a melhor forma de - olhando para trás - ver meu mundo com o espanto e a curiosidade que não podia germinar enquanto eu estava dentro dele.
Por mais que o antropólogo tenha esse quê de viajante, não precisamos aqui falar em transposição de fronteiras físicas. A viagem que proponho é a de simplesmente enxergar o outro lado, a outra margem do lago, o que não me pertence e é diferente de mim. Através do estranhamento provocado pelas outras culturas, modifica-se a forma que temos de olhar sobre nós mesmos.
A reflexão antropológica é, em certa medida, o exercício de um desejo narcísico de conhecer a si próprio. O Narciso antropológico, ao contrário daquele de que tanto ouvimos falar, não vê no lago sua imagem familiar refletida, e sim a imagem de algo que é desconhecido, rica em detalhes que, antes de ver o outro, passavam desapercebidos.
É um Narciso que, em vez de apaixonado, se aproximar cada vez mais do lago para mergulhar em si próprio, toma certa distância para admirar-se de mais longe e a partir de outros ângulos. Começa, então, a estranhar a si próprio, a se espantar com tudo que lhe parecia banal.
O conhecimento de nossa própria cultura só é possível, assim, através do conhecimento do outro, das outras culturas. A partir da experiência da alteridade tem lugar, então, um descentramento do olhar. Essa revolução no olhar (LAPLANTINE, 1996: 19) provocada pelo distanciamento permite, então, que nos espantemos com o que nos é mais familiar, com o que é parte de nosso cotidiano e da sociedade na qual vivemos.
O jogo dos espelhos é justamente esse, tornar o estranho familiar e enxergar o mais familiar com espanto e estranhamento. Assim, passamos a observar mais atentamente tudo o que encontramos. Passamos, principalmente, a reparar.
Bem debaixo do seu nariz
As fronteiras entre o inato e o adquirido são extremamente tênues e vacilantes. Pode-se dizer que todo comportamento humano, do mais simples ao mais complexo, contém um pouco de cada uma dessas duas dimensões. Geertz nos traz o exemplo da anatomia humana: natural e fisiologicamente preparada para a fala, de nada serviria se vazia da cultura, uma vez que é ela que nos fornece as línguas, os idiomas e os dialetos a falar. (Geertz,1989:62). A relação entre natureza e cultura sempre foi interesse não só da Antropologia, mas de praticamente todas as outras formas de busca de conhecimento inventadas pelo homem.
Dada sua proximidade extrema, certos hábitos e costumes culturalmente construídos são, muitas vezes, vistos como fenômenos naturais inatos. De muito perto, sua imagem se desfoca, perdendo a nitidez. Como enxergar com perfeição, afinal, o que está bem debaixo do seu nariz?
A prova mais substancial de que uma série de características humanas naturalizadas são, na verdade, culturalmente dadas é, antes de tudo, o conhecimento de outras realidades onde há uma variação do padrão cultural. Dotados de uma anatomia semelhante, damos a nossos corpos diferentes usos. A maneira de caminhar, vestir, sentar, comer e até mesmo rir, se dá de cultura para cultura, de forma diversa. É a partir da percepção da diversidade, da presença do outro, que se pode relativizar, portanto, nossa própria sociedade. Percebendo que existem outras formas diferentes da nossa de expressar a dor, outras regras de casamento, práticas de cura muito diferentes e distintas crenças e religiões, vemos também nossa cultura com outros olhos. Olhos mais críticos mas, antes de tudo, mais aguçados e muito mais sensíveis.
Do olhar crítico ao olhar sensível
As diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Educação estabelecem a construção de uma visão crítica do mundo como uma das competências a serem desenvolvidas em Sociologia no ensino médio. Essa visão crítica permitiria ao aluno "perceber-se como elemento ativo, dotado de força política e capacidade de transformar"
Ela teria então o mérito de proporcionar essa postura reflexiva por ser, antes de tudo, uma disciplina que propõe que se pense a realidade (muitas vezes cotidiana e próxima de nós) de forma a fugir do senso comum. Antropologia e Sociologia, irmãs gêmeas (não univitelinas, porque semelhantes, mas não iguais; companheiras, porém independentes) têm a reflexão sobre o mundo como companhia inseparável.
Pensar o mundo a partir de uma postura antropológica é, entretanto, ir além da visão crítica. É desafiar, sem temores, nossas próprias crenças e certezas (e as dos outros) mas, antes de tudo é perceber a enorme gama de elementos que compõe a realidade. Ensinar antropologia, mais do que mostrar o lugar de posicionamento crítico, é trocar incessantemente de lugar, é possibilitar que se experimente as mais diversas posições. É ser capaz se entregar a empatia e de se deixar colocar em um lugar diferente do seu, "enriquecendo a perspectiva pessoal com a percepção das relações que se estabelecem do ponto de vista do outro" (MACHADO, 1997:81). É conhecer o outro, mas principalmente compreendê-lo e respeitá-lo. É reconhecer, sobretudo, a existência da assimetria e da diversidade.
Trazendo para dentro da sala de aula temáticas do cotidiano, a "cultura da vida", a Antropologia é capaz de proporcionar, espelhada na comparação com o "outro", o distanciamento essencial para o desenvolvimento do olhar sensível. Desenvolver o olhar sensível é exercitar a um só tempo uma postura crítica, política e cidadã, mas também, e principalmente, poética. Sófocles, dramaturgo grego autor da Trilogia Tebana, foi nomeado general porque, por ser poeta, era capaz de ver as coisas em sua totalidade sem, entretanto, perder em minuto algum a dimensão dos detalhes, das pequenas coisas, das gotículas de tinta que formam o quadro maior. Não precisaria o mundo hoje, mais do que nunca, do olhar sensível de generais poetas?
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Bibliografia
BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada. São Paulo: Perspectiva. 1997
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC. 1989
HERÓDOTO História. In: www.perseus.tufts.edu
LAPLANTINE, François. La Description Ethnographique. Paris: Nathan. 1996
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1995.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura, um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1996.
MACHADO, Nilson José. São Paulo: Escrituras.1997
TODOROV, Tzetan. Nós e os Outros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1993


QUESTÕES

 01.   Geertz define cultura como “teia de significados”.  Explicite o pensamento do autor.
 02.   O que você entende por etnocentrismo?
 03.   Não existe cultura superior nem cultura inferior, o que existe são culturas diferentes.   Explique essa afirmação tendo em vista a idéia de cultura como “teias de significados”.
 04.  Por que se diz que a antropologia exige uma “transformação do olhar”?   Explique.
 05.  “Tornar o estranho familiar e enxergar o mais familiar com espanto e estranhamento”   Explique o sentido dessa frase na perspectiva antropológica.
 06.   “Uma série de características humanas naturalizadas são, na verdade, culturalmente dadas”.  Explique essa afirmação e cite exemplos que a justifique.
 07.  O que significa pensar o mundo a partir de uma postura antropológica?
 08.  Comente o título do texto: “A Arte de Sensibilizar o Olhar... ou  Por que Estudar Antropologia?”
 09.  Qual a importância do relativismo cultural para os operadores do direito?
10.  Explique o sentido antropológico das metáforas utilizadas no texto: óculos, lentes, binóculos, nariz, espelho.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Para que estudar Sociologia?

PARA QUE ESTUDAR SOCIOLOGIA?

(Prof. Augusto Tavares)

          Essa é uma pergunta praticamente inevitável para quem ingressa num curso superior e se depara com disciplinas na área de Sociologia pela primeira vez. Não há nada de incomum nessa interrogação, muito pelo contrário, todas as coisas que dizemos conhecer hoje começaram com a admiração, com o espanto, que gerou uma pergunta e depois outra e nunca mais paramos de questionar o mundo e a nós mesmos...
          Mas quando se pergunta o “para que” de algo, pressupõe-se que se esteja querendo saber a sua “utilidade”. Nesse caso, precisa-se também perguntar: o que é uma coisa “útil” e ainda: útil para que e para quem?
          Estamos acostumados a julgar útil apenas às coisas que tem uma finalidade prática imediata. Útil é o que serve para alguma coisa, tem uma aplicação boa, aceitável e, portanto, nos deixa felizes e satisfeitos, certo? Certo! Mas não totalmente.
          Não estamos acostumados a ver como útil algo que nos incomoda, que questiona nossos valores e comportamentos. Contudo, uma das “utilidades” de se estudar sociologia pode ser que seja exatamente esta: deixar-nos incomodados. Incomodados com as explicações parciais, simplistas e imediatas sobre a vida social; incomodados com as injustiças e a manipulação do poder; incomodados com as verdades que se apresentam como absolutas.
          Você deve ter observado que algumas questões parecem não ter resposta, ou não ter uma única resposta, nos causando uma sensação de desânimo. A vida em sociedade é complexa, da reflexão sobre ela não se pode esperar unanimidades.
          A perspectiva sociológica exige uma postura de abertura intelectual temperada pela suspeição e curiosidade que nos ajudará a perceber as contradições da vida social. Isso não acontece sem que provoque uma mudança na nossa maneira de enxergar o mundo e a nós mesmos. Quem se dedica a investigar o comportamento humano passa por uma “revolução” em sua vida, as suas relações se transformam, suas idéias se transformam, seus sentimentos se transformam...
          No entanto, algumas pessoas já estão acomodadas, e não desejam – na maioria das vezes – mudanças que perturbem sua situação. Mas sendo a própria humanidade um processo, ou seja, um movimento contínuo, não podemos ficar parados. Ao entrar em contato com a sociologia é comum experimentarmos, ao mesmo tempo, momentos de incômodo e de satisfação. Alguns temas discutidos nas aulas podem – e devem – gerar uma situação de dúvida, porém é aí que começa a nascer a possibilidade de um conhecimento autônomo, justamente por podermos expressar nossos ideais e inquietações na busca de um entendimento mais claro e amplo da sociedade.
          Lembre-se de que a sociologia nasceu como ciência porque as pessoas sentiram-se insatisfeitas com as explicações que lhes eram dadas e passaram a buscar outras formas de ver e explicar os acontecimentos sociais. Muitas sofreram as conseqüências por ousar pensar diferente, propor mudanças e lutar por seus ideais. E nós que agora nos iniciamos na reflexão sociológica, somos parte dessa tradição.
          A sociologia tem a pretensão de ajudar a nos situar diante às questões que hoje são debatidas no mundo ou na sala de visitas da nossa casa. Sendo uma reflexão sistemática sobre o comportamento humano em sociedade, tem muito a ver com o exercício da cidadania. Se a forma como separamos o lixo na cozinha está relacionada com a consciência ecológica – hoje requisitada a nível global – se a maneira como dialogamos com as pessoas está na base da construção de relações mais democráticas, a reflexão sociológica pode nos ajudar a perceber que as nossas ações cotidianas, condicionadas pelas estruturas sócio-culturais, também influenciam este meio, gerando permanências e mudanças.
          A Sociologia é dinâmica, é um movimento de construção, destruição e reconstrução de explicações teórica e ações práticas. Como tal, não envelhece nem fica parada no tempo. A atividade de quem se envereda pelos seus caminhos deve ser um exercício constante de dúvida e de crítica, numa postura responsável e comprometida. Não é seu objetivo apresentar soluções fáceis e definitivas para a vida de ninguém, o que ela nos traz é a oportunidade de perceber com mais clareza como o mundo social opera a fim de que se possa planejar caminhos alternativos para a sociedade.
          O compromisso com o estudo e com a pesquisa em sociologia, entendido como práxis e não mera repetição, pode ser instrumento interessante para entendermos melhor as situações pelas quais passamos, possibilitando que façamos escolhas mais bem pensadas. Nesse processo, você se sentirá irremediavelmente incomodado, mas verá que assumir esse “incômodo” como uma força propulsora para novos conhecimentos e práticas, o ajudará no caminho da sua formação profissional e crescimento pessoal.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

"O Professor Está Sempre Errado" (Jó Soares)

O que é ser professor?  Esta parece uma pergunta retórica, mas só parece!  Este questionamento está na base das discussões pedagógicas, filosóficas, sociológicas, antropológicas e históricas sobre a atividade docente.  Muito se tem produzido teoricamente sobre o assunto.  Porém, na prática, no dia-a-dia das instituições nas quais realizamos nossas atividades, vivemos um clima de "cada um por sí e salve-se quem puder".  Ademais, os espaços de sociabilidades institucionais que ocorrem geralmente no início de cada semestre, as chamadas "Semanas Pedagógicas",  que deveriam ser voltadas à reflexão sobre a prática, com felizes exceções, são vistas pela maioria dos professores (pressionados a participar) como mera "perda de tempo" uma vez que são organizadas variavelmente com: dinâmicas de integração (que nem todos gostam), apresentação das regras institucionais (previamente decididas pela direção) uma ou outra palestra com professor pesquisador sobre temas pedagógicos (algumas vezes sem relação direta com a prática).  Soma-se a tudo isso a resistência de muitos professores, experientes ou não, com formação pedagógica ou não, em refletir sobre a sua prática.  
Não é à toa que se reproduzam, neste contexto de desvalorização da atividade docente, frases, textos, imagens e idéias que expressam determinadas representações do "Ser professor" e da Educação.  Vez por outra recebemos alguma em nossas caixas de mensagens, rimos muito (ou poderíamos chorar) e repassamos aos demais colegas.   Essas mensagens, no entanto, são carregadas de ideologias que indicam, em parte, o que se não acreditamos, acabamos por legitimar com a sua divulgação, algumas vezes incluindo comentários sarcásticos ou desanimados no cabeçalho.  Há também aquelas que supervalorizam a profissão ou a romantizam.  Felizmente é possível encontrar textos provocativos que, com humor refinado e assumindo uma perspectiva dialética, conseguem expressar a complexidade da questão, nos impelindo à reflexão. 
Inauguro neste blog uma página para postar, comentar e receber comentários sobre as representações do professor presentes nestes textos, afim de aprimorarmos o debate franco e consciente sobre a nossa prática e nos contrapormos às ideias deturpadas e parciais sobre a nossa profissão.
Para inaugurar  essa seção e provocar o início deste debate trago a crônica de Jô Soares "O Professor Está Sempre Errado".

O Professor Está Sempre Errado

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
Quando...
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um coitado.
Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta às aulas, é um “Caxias”.
Precisa faltar, é “turista”.
Conversa com os outros professores,
está “malhando” os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama à atenção, é um grosso.
Não chama à atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, “deu mole”.
É, o professor está sempre errado mas,
se você conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!

(Jô Soares)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Tópicos Esp. em Cien. Política (Questões)

QUESTÕES PARA ESTUDO DO TEXTO:

FINLEY, Moses I. Líderes e Liderados. In: ____________ Democracia antiga e moderna. Trad. Waldéa Barcellos, Sandra Bedran. Rio de Janeiro: Graal, 1998. (p. 17-53)

1. Como os argumentos da teoria da democracia “Elitista” reforçam o entendimento da “apatia” como ponto pacífico e “natural” das democracias ocidentais?
2. Considerando as reflexões do texto, argumente sobre a relação entre técnica e política no debate contemporâneo sobre teoria da democracia. (p. 28)
3. Considerando as características da democracia direta ateniense, estabeleça uma comparação com o sistema representativo atual. Discuta a pertinência da adoção de mecanismos de democracia direta no contexto contemporâneo. Quais as possibilidades e limites dessa iniciativa?
4. Explique as diferenças entre os modelos de democracia direta ateniense e o sistema partidário das democracias contemporâneas e a influência no “sentido” da liderança.
5. Considerando as reflexões do autor, qual a importância da educação para a promoção da participação política nas democracias contemporâneas?
6. Nas páginas finais, o autor destaca o surgimento de políticos profissionais e de burocratas (especialistas) que, nas democracias ocidentais, assumem o papel de “líderes” em detrimento de uma participação mais ampla e efetiva. Quais os principais elementos da crítica feita pelo autor?
7. O autor sugere que o sistema representativo contemporâneo está diretamente ligado ao fenômeno da apatia política. Discuta se esse processo “é algo necessário e desejável ou se novas formas de participação popular, com o mesmo espírito das atenienses, embora sem sua essência, precisam ser inventadas...? (p. 48)
8. Moses Finley argumenta que, apesar da grande linha divisória entre a democracia da Antiguidade e a Contemporânea, a comparação entre ambas serve de referência para a explicação de muitos aspectos relevantes da teoria da democracia. Exponha, sinteticamente os principais posicionamentos do autor quanto:
          a. A questão dos líderes e liderados
          b. A relação entre técnica e política
          c. O fenômeno da apatia política
          d. A questão da democracia direta e a democracia representativa
          e. O problema da imunidade dos líderes
          f. O papel da educação
          g. O surgimento dos políticos profissionais e crescimento da burocracia

terça-feira, 22 de junho de 2010

Conteúdo AV-FINAL ( F A P )

SOCIOLOGIA GERAL E DO DIREITO (1º sem)
- O que é Sociologia
    - Objeto de estudo   
- Contexto histórico do surgimento da Sociologia como ciência
- Estudo sociológico do suicídio (Durkheim)
- Imaginação sociológica (C. Wrigth Mills)
- Níveis de análise sociológica
    - Microestruturas
    - Macroestruturas
    - Estruturas globais
Perspectivas teóricas da Sociologia e principais autores
    - Funcionalismo (Durkheim, Parsons, Merton)
    - Teor. do Conflito (K. Marx e M. Weber)
    - Interacionismo (Weber, Mead e Goffman)
    - Teor. Feminista (H. Martineau e feminismo contemporâneo)
O Pensamento Sociológico de E. Durkheim   (você deve estudar os conceitos principais)
    - E. Durkheim e o Direito   (o direito como fato social; a questão da Moral; concepção de crime e de pena)
O Pensamento Sociológico de M. Weber   (você deve estudar os conceitos principais)
    - M. Weber e o Direito   (separação entre moral e o direito; burocracia; "a racionalidade o Direito")
O Pensamento Sociológico de K. Marx   (você deve estudar os conceitos principais)
    - Karl Marx e o Direito  (concepção de justiça e de lei; o concepção dialética do direito)

ANTROPOLOGIA (3º sem)
- Conceitos de CULTURA, ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL e ALTERIDADE e exemplos concretos que os justifiquem;
- O que é Antropologia, objeto de estudo e contexto histórico;
- Concepção de cultura para Clidfford Geertz;
- Relação Antropologia e Direito
- A importancia do simbólico na constituição do "real" e a sua influência no Direito.
- Estudos antropológicos sobre o "jetiinho brasileito, a malandragem e o sabe com quem está falando"  (Roberto Da Matta)
- Compreensão da Lei, da Justiça e do Direito como sistemas simbólicos (culturais)
- Temas contemporâneos em Antropologia
- Estudo de temas relacionados aos capítulos do livro "Cultura, um conceito antropológico" de Roque de Barros Laraia

quarta-feira, 2 de junho de 2010

AVp-2 - ROTEIRO PARA ESTUDO (FAP - Direito, 1º e 3º sem)

SOCIOLOGIA GERAL E DO DIREITO (FAP - 1º sem)
1 - O Pensamento Socilógico de É. Durkheim
- O Fato Social
- A questão do método: positivismo e objetividade
- Consciência coletiva e representações coletivas
- A divisão do trabalho social: solidariedade mecânica e orgânica
- O normal, o patológico e o conceito de anomia
2 - Émile Durkheim e o Direito
- O Direito como fato social
- A consciência coletiva e o direito
- A moral e o direito
- A eficácia do direito
- A função social da pena legal
3 - O Pensamento Sociológico de M. Weber
- Caráter compreensivo da sociologia
- Tipo ideal: instrumento metodológico
- Ação social e seus tipos
- Capitalismo e triunfo da racionalidade
- Tipos puros de dominação
- Burocracia como modelo da administração moderna
4 - Max Weber e Direito
- Separação entre moral e o direito
- A racionalidade de o direito
5 - O Pensamento Sociológico de K. Marx
- A teoria do Modo de Produção
- O método materialista histórico dialético
- O Estado e a ideologia
- Conceito de classe social, alienação, mais-valia
- Crítica ao capitalismo
6 - Karl Marx e o Direito
- O direito como realidade dialética
- A concepção de lei para Marx
- A idéia de Justiça para Marx


ANTROPOLOGIA (FAP - 3º sem)
1 - Cultura e antropologia
- Cultura como ordem simbólico
- A lei humana
- O papel do incesto e da culinária na constituição cultural dos seres humanos
2 - Da Antropologia e do Direito
- Diferenciação e relação entre Antropologia e Direito
- A importância do universo simbólico e do imaginário na construção do real
- A compreensão dos mecanismos socioculturais que envolvem a lei e o Direito
3 - Cultura, um conceito antropológico (Livro)
- Determinismo biológico
- Determinismo geográfico
- A cultura condiciona e a visão de mundo do homem
- A cultura interfere no plano biológico
- Os indivíduos participam diferentemente da sua cultura
- A cultura tem uma lógica própria
- A cultura é dinâmica
Obs: Compreensão geral do capítulo e a sua relação com o Direito.
4 - O modo de navegação social, a malandragem e jeitinho
- A combinação entre o pólo moderno e o pólo tradicional na sociedade brasileira
- A conceituação de “jeitinho”, “malandragem”, e “sabe com quem está falando?”
- A compreensão do “jeitinho”, “malandragem”, e “sabe com quem está falando?” como modos de navegação social tipicamente brasileiros.
- A dimensão do “jeitinho” na realidade sócio-jurídica brasileira.
5 - Reflexões sobre o filme:A Guerra do Fogo” (Apenas para o turno MANHÃ)
6 - Reflexões sobre o documentário: “Ética, alguém viu por aí?” (Apenas para o turno NOITE

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Alunos de História (Antrop. Geral) e Geografia (Antrop. Cultural)

ATENÇÃO!

- Observem o planejamento do trabalho e o calendários das apresentações na página da disciplina.
- As questões para o trabalho em equipe foram distribuidas em sala e estão na xerox.

Ciên Sociais (Tóp Especiais em Cien Poítica) "O futuro da democracia" (BOBBIO, 2001)

QUESTÕES PARA ESTUDO DO TEXTO:
BOBBIO, Norberto. O Futuro da democracia.  In: _______ O Futuro da Democracia. São Paulo: Paz e Terra, 2000 p. 29-52.

1.     1. PREMISSA NÃO-SOLICITADA 
a.     “A cátedra não existe nem para os demagogos nem para os profetas”.  (WEBER, 1948, apud BOBBIO, 2000, p. 29).  Noberto Bobbio utiliza essa citação de Max Weber para esclarecer a tônica da sua discussão sobre o “futuro da democracia”.  Explique a posição do autor.
2.     2. UMA DEFINIÇÃO MÍNIMA DE DEMOCRACIA 
b.     Logo no início, Norberto Bobbio define democracia como “...um conjunto de regras (primárias ou fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos.”  (p. 30)    Como o autor justifica essa definição? 
c.     Como o autor justifica a importância da lei da maioria para a democracia? 
d.    Bobbio explica que mesmo para uma definição mínima de democracia não são suficientes a participação de um elevado número de cidadãos nem a lei da maioria.  Qual a terceira condição apresentada pelo o autor e como ela a justifica a partir do Estado de Direito?  
e.     Explique a relação que o autor estabelece entre “Estado democrático” e “Estado liberal”.
3.     3. OS IDEAIS E A MATÉRIA BRUTA 
f.     Nesta parte do texto, Norberto Bobbio esclarece que concentrará a sua reflexão “sobre o contraste entre os ideais democráticos e a “democracia real”.  Essa alusão nos remete a outros dois textos estudados.  Um do mesmo autor “Democracia e Ditadura” (BOBBIO, 2001) quando se refere ao uso descritivo e prescritivo da palavra democracia e outro de Giovani Sartori “A democracia pode ser qualquer coisa?” (SARTORI, 1994).    Somando a contribuição desses textos, discorra sobre a complexidade do debate sobre democracia considerando a relação dialética entre a teoria da democracia e a sua prática social.
4.     4. O NASCIMENTO DA SOCIEDADE PLURALISTA 
g.    Segundo Bobbio, nos estados democráticos “os grupos e não os indivíduos são os protagonistas da vida política” (p. 35).  Portanto, o modelo de soberania popular idealizado por Rousseau não resiste ao caráter centrífugo das sociedades pluralistas de hoje.    Quais os principais elementos desse debate?
5.     5. REVANCHE DOS INTERESSES 
h.     Quais os argumentos levantados pelo autor sobre como o mandato imperativo favorece mais a representação de interesses do que a representação política?  Como você ver essa questão no sistema político brasileiro atualmente considerando os representantes no Poder Legislativo (vereadores, deputados e senadores)?
6.     6. PERSISTÊNCIA DAS OLIGARQUIAS 
i.      Explique porque, segundo o autor, “A democracia representativa (...) é já por si mesma uma renúncia ao princípio da liberdade como autonomia” (p. 38) 
j.      Explique em sentido é empregada a frase: “Nada ameaça mais matar a democracia do que o excesso de democracia” (p. 39)   Você concorda?  Justifique.
7.     7. O ESPAÇO LIMITADO 
k.     Segundo o autor “...quando se deseja saber se houve um desenvolvimento da democracia num dado país, o certo é procurar perceber se aumentou não o número dos que tem o direito de participar nas decisões que lhes dizem respeito, mas os espaços nos quais podem exercer este direito.” (p. 40)    Considerando este aspecto poderíamos ou não afirmar que o Brasil tem se tornado mais democrático nos últimos anos?  Justifique.
8.     8. O PODER INVISÍVEL 
l.      “...a democracia nasceu com a perspectiva de eliminar para sempre das sociedades humanas o poder invisível e dar vida a um governo cujas ações deveriam ser desenvolvidas publicamente.”  (p. 41)  Quais as justificativas do autor sobre a importância de publicidade dos atos de governo? 
m.   Como o domínio das novas tecnologias, aprimoram-se os mecanismos de controle dos governantes sobre os cidadãos, de forma que uma questão crucial para os sistemas democráticos e o de saber “Quem controla os controladores”?   Quais as evidências do “poder invisível” nas relações políticas no Brasil e quais as possibilidades concretas de controle pro parte da sociedade civil?
9.     9. O CIDADÃO NÃO-EDUCADO 
n.     Norberto Bobbio citando Stuart Mill, destaca a participação eleitoral através do voto cmo de grande valor educativo para a democracia.   No entanto, essas conquistas, necessárias e legítimas, não têm sido suficientes para barrar o processo de crescimento da apatia política.   Quais as questões sociais relacionadas à apatia política no Brasil?  Como você ver a possibilidade de enfrentamento?
1010. O GOVERNO DOS TÉCNICOS 
o.    Por que se pode afirmar, segundo o autor, que “Tecnocracia e Democracia são antitéticas (p. 46).   
p.      Diante ao aumento dos problemas políticos que requerem competências técnicas, como garantir que as decisões sejam tomadas pela vida democrática?   Como os aspectos políticos e técnicos se manifestam em relação ao debate sobre a transposição das águas do Rio São Francisco?
1111. O AUMENTO DO APARATO 
q.    Em que sentido o Estado democrático está ligado ao Estado burocrático? 
r.      Podemos dizer que a burocracia é necessária e, ao mesmo tempo, um perigo para a democracia?  Justifique.
1212. O BAIXO RENDIMENTO 
s.     Como se configura o debate em torno do problema da chamada “ingovernabilidade da democracia”? 
t.      No dia-a-dia é comum ouvirmos a afirmação conservadora de que “muito debate não dá em nada”.  Essa posição tende a desqualificar a tentativa de construir decisões coletivas através do diálogo.  Como você se posiciona quanto a isso?    Já vivenciou ou presenciou fatos em que esta questão estivesse posta?  Relate sua experiência.
1313. APESAR DISSO 
u.     Nesta parte final do texto, Norberto Bobbio afirma que apesar das “promessas não realizadas” e dos “obstáculos nãos previstos” ele não tem uma “visão catastrófica do futuro da democracia” (p. 49)   Apresente resumidamente os argumentos do autor.
1414. APELO AOS VALORES 
v.       Para Bobbio, compreender a democracia como “um conjunto de regas de procedimentos” não exclui os ideais.  O autor argumenta que foram justamente as grandes lutas de idéias que produziram as regras do jogo democrático.   Quais são esses ideais e como o autor a eles se refere?
GERAL 
     w.    Explique porque a concepção de democracia para Norberto Bobbio pode ser definida como     “procedimental” ou “as regras do jogo”.

terça-feira, 18 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tópc. Especiais Cien Politica (Organização do Trabalho) AV-1

Datas e autores por equipe:
07/06 - Schumpeter
14/06 - McPherson
21/06 - Dahl
Roteiro de apresentação do trabalho em sala:
1) Concepção de democracia de cada autor estudado;
2) Contextualização do filme, documentário, música, poesia, etc pertinente a uma discussão sobre democracia;
3) Análise do material selecionado a partir do referencial teórico estudado (promoção do debate).
Estrutura do trabalho escrito digitado
Fonte: times new romam, 12; espaçamento 1,5  -  Entregar no mesmo dia da apresentação.
CAPA: cabeçalho, título, identificação da equipe, local e data;
1. INTRODUÇÃO (Apresenta o trabalho, menciona a relevância e diz como está organizado)
2. DESENVOLVIMENTO
     2.1 - Concepção de democracia para o autor estudado (resumo)
     2.2 - Descrição do material selecionado (filme, documentário, música, poesia, etc)
     2.3 - Análise do material selecionado a partir do referencial teórico estudado.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS (Sintetiza os principais aspectos abordados, expõe os "ganhos" e "achados" do trabalho. Ou seja, diz o que vocês aprenderam.
4. BIBLIOGRAFIA (Relacionar de acordo com as normas das ABNT todo o material utilizado, inclusive as produções audio-visuais ou recursos da internet.)
Obs.: Fuja do plágio, seja original e criativo!

domingo, 9 de maio de 2010

Trabalhos de Antropologia (FAP - Direito)

Livro base:
"Cultura, um conceito Antropológico"
(Roque de Barros Laraia)
DATAS DAS APRESENTAÇÕES
Turma MANHÃ:
     Dia 20/05: Equipes: 1,2,3,4
     Dia 27/05: Equipes: 5,6,7
Turma NOITE:
     Dia 15/05: equipes: 3,5,6,7
     Dia 27/05: equipes: 1,2,4
ATENÇÃO ÀS OBSERVAÇÕES E CRITÉRIOS INDICADOS NA FOLHA DO TRABALHO

terça-feira, 4 de maio de 2010

Filme "A GUERRA DO FOGO"

Sinopse:
O filme guerra do fogo retrata a nossa origem comum e enfatiza pontos da Teoria do cientista inglês, Charles Darwin. Porém, durante todo o filme se pergunta: por que e como somos diferentes dos demais animais se a nossa origem foi comum. E porque a diferença de comportamento entre os indivíduos e grupos de indivíduos se todos os seres humanos são membros da mesma humanidade. Essa pergunta foi respondida no decorrer da história do filme, quando víamos diferentes grupos de hominídeos com habilidades diferentes de simbolizar e expressar sensações no meio onde viviam. A resposta estava na cultura. Quando o primeiro grupo de hominídeos se vira sem o fogo, importante para a culinária e segurança do seu grupo além de proteção contra o imenso frio, já que ainda viviam seminus, três deles partiram para uma aventura, que os levaram não somente a trazer de volta o fogo, mas também conhecimentos e tecnologia que contribuíram a evolução do seu grupo, através de contato com outros grupos mais evoluídos. Essa diferença entre todos os hominídeos apresentados no filme se mostra quando os protagonistas se deparam com grupos menos evoluídos (canibais) e outro mais evoluído, descobrindo técnicas de artesanato, pintura corporal, lançadores de flecha, cerâmica, erva medicinais, construção de cabanas e, principalmente, a arte de produzir fogo por atrito. Além da linguagem e expressões como o sorriso e o humor, vindos de uma pedrada na cabeça involuntária e até mesmo o amor quando o líder do pequeno grupo se apaixona pela nativa daquela comunidade mais evoluída e com ela aprende a correta forma de se relacionar sexualmente e a respeitar seu semelhante. A Guerra do Fogo, com roteiro de Burgess e direção de Annaud, pode ser monótono para quem não tem curiosidade pelo tema. Mas aqueles que se interessam não só pela origem da linguagem, mas pelas raízes da espécie humana e pelo florescer da razão e das tecnologias, irá apreciar o filme.

Questões:
01. Quais características e capacidades vão sendo desenvolvidas que passam a diferenciar cada vez mais seres humanos dos outros animais, sobretudo quanto à sexualidade e a alimentação?
02. Descreva a diferença entre os três grupos humanos mostrados no filme no que diz respeito a:
      a) linguagem;
      b) sexualidade;
      c) alimentação;
      d) produção e utilização do fogo.
03. Descreva um momento do filme que indique
      a) o surgimento do humor;
      b) a construção do sentimento de amor;
      c) o Direito, ou seja, a forma de estabelecer normas para “resolver” os conflitos;
      d) a consciência da formação de um núcleo familiar.
04. Com base no filme, discuta o conceito de cultura como “sistema simbólico”, ou seja, como a capacidade de construir significados e transmiti-los aos outros e às gerações futuras.
05. Com que intenção os grupos queriam manter o fogo?
06. Qual a comparação que podemos fazer entre a guerra pelo “fogo” como é mostrada no filme e as guerras nas sociedades atuais?
07. Explique, a partir do filme, por que não podemos falar em evolucionismo unilinear e sim plurilinear.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

ATENÇÃO: Aulas de Reposição

FACULDADE PARAÍDO - FAP (DIREITO)
ANTROPOLOGIA (Manhã)
Dia 04/05 (Terça-feira) Hora: 13:30 às 17:30 h.
ANTROPOLOGIA (Noite)
Dia 15/05 (Sábado) Hora: 08:00 às 12:00 h.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A tortura não é crime político

Política
Pedro Estevam Serrano*
28/04/2010 12:45:07 Carta Capital

O terrorismo de Estado agia a favor da ordem instituída, eis uma diferença. O supremo Tribunal Federal está prestes a iniciar um dos julgamentos mais importantes da história do País: a análise da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 153 proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil e pela Associação dos Juízes para a Democracia. A entidade representativa dos advogados sustenta que a Lei da Anistia (Lei nº 6.683/79) não pode ser aplicada aos agentes do Estado autores de crimes de sangue durante a ditadura (1964-1985).
Assim, tem o STF a oportunidade histórica de colocar um ponto final em questão que segue a turvar nosso passado recente e que tem consequências até os dias atuais. Inicialmente, frise-se, é indubitável a correção do instrumento proposto pela OAB e pela AJD, visto que todas as controvérsias constitucionais acerca da recepção de leis promulgadas anteriormente à Constituição Federal de 1988 devem ser dirimidas na apreciação de ADPFs. Complementarmente, acertam também as entidades ao apontarem o cerne da questão.
O Art. 1º da Lei nº 6.683/79 estabelece que deverá ser “concedida a anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes”. Mas é o parágrafo 1º que suscita a controvérsia, ao dizer que: “Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza, relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política”. Como bem ressaltam os juristas Dalmo Dallari, Pierpaolo Bottini e Igor Tamasauskas, os crimes dos torturadores e homicidas da ditadura não podem ser considerados políticos para fins do regime jurídico protetivo oferecido a esse tipo de conduta pela Constituição Federal, pois, segundo decidido pelo próprio STF, o crime político não se caracteriza apenas pelo móvel ou intenção do agente, mas pelo fato de atentar contra a ordem vigente.
Ora, “se crime político é aquele que lesiona a ordem instituída, ficam evidentemente excluídos dessa definição os delitos praticados por agentes dessa mesma ordem para garantir sua manutenção”. Também como nos demonstram os referidos juristas, não há que se falar em conexão de tais crimes com as condutas dos que se opuseram à ditadura. No direito processual penal brasileiro, “há conexão quando os crimes são praticados pelas mesmas pessoas, ou com a mesma finalidade, ou se os delitos são praticados no mesmo contexto de tempo e de lugar e a prova de um deles interfere na prova do outro”. Por óbvio, as torturas e homicídios não foram praticados no mesmo tempo e no calor do combate, nem tiveram a mesma intenção, contexto ou lugar das condutas delitivas da oposição.
A correção jurídica do mérito da medida proposta nos parece evidente. A questão da possibilidade de retroação de normas constitucionais originárias, como a que considera imprescritível o crime de tortura, não é objeto da demanda, deverá ser debatida futuramente, em cada caso. Muitos dos crimes de homicídio, tortura e estupro foram cometidos contra pessoas que nada fizeram de violento, apenas manifestaram sua opinião, direito esse garantido inclusive pela Constituição da época. É o que ocorreu com Rubens Paiva, Vladimir Herzog e muitos outros cidadãos. No plano político e ético, há um falso debate sobre que lado iniciou a violência, se o Estado ditatorial com o Ato Institucional nº 5 ou os movimentos de oposição armada ao regime.
A violência iniciou-se em 1º de abril de 1964, com a ruptura violenta da ordem constitucional democrática e a deposição do governo legitimamente eleito. Cidadãos como Gregório Bezerra chegaram a ser torturados em praça pública, no dia seguinte ao golpe, sob a mera alegação de serem “comunistas”. A selvageria cometida contra Gregório Bezerra no Recife é simbólica do que caracterizaria os atos de tortura e homicídio pelos agentes oficiais e clandestinos do regime. Tais atos tinham como vítimas imediatas as pessoas violentadas ou mortas, mas como vítima mediata a sociedade, que o arbítrio desejava dominar pelo medo, pelo terror na vida política. A definição do crime de terrorismo é complexa, mas certamente entre seus elementos fundamentais inclui-se esse, qual seja: que o ato delituoso visa atingir a vida social e não apenas a vítima direta da violência.
O terrorismo pode ser praticado por opositores, como foi o caso dos crimes de extrema-esquerda e direita praticados contra a democracia italiana na década de 1970. Ou por estrangeiros contra um país, como foi o atentado contra as torres gêmeas de Nova York. Mas também pode ser realizado por Estados, quando seus agentes torturam e matam opositores, com o fim maior de calar a sociedade e se impor como governo. Assim ocorreu no Brasil. Críticas devem ser feitas àqueles que pegaram em armas contra o regime, mas estas se põem mais no plano funcional, pelo voluntarismo que acabou servindo à propaganda do arbítrio, que na dimensão ética de sua conduta. Independentemente da intenção dos oposicionistas que pegaram em armas, se desejavam num futuro abstrato a instauração do socialismo ou se preferiam uma democracia popular de unidade nacional, sua luta concreta foi contra um Estado terrorista e totalitário, traduzindo-se como legítima defesa das liberdades públicas aviltadas pela violência ditatorial.
Para quem defende os valores políticos do Estado Democrático de Direito, o que legitima o uso da violência pelo Estado para impor suas normas é a sua rea-l submissão a uma pauta de princípios garantidores dos direitos fundamentais e a adoção de procedimentos de escolha dos governantes que pratiquem as regras do jogo democrático, inclusive, a plena observação das liberdades públicas que lhe são inerentes. É inaceitável no plano ético comparar jovens vitimados com seus algozes. O que se deseja não é tanto a punição dos homúnculos que se escondem, a demonstrar sua insofismável covardia, mas sim a apuração do ocorrido e o chamamento à sua responsabilidade histórica.
O que está em jogo neste julgamento é muito mais que o legítimo direito das vítimas à indenização individua-l. É o direito à reparação da grande vítima indireta do terrorismo estatal, a sociedade. Só a recuperação de sua história reparará o mal a ela causado pelo medo e pelo silêncio impostos. A OAB, com tal iniciativa, se põe lá onde sempre esteve, na luta pelas liberdades, contra a tirania em todas suas consequências. Sem desejo de vingança, mas com o desiderato de conhecer e marcar na memória fatos cuja ciência à sociedade pertence.
*Pedro Estevam Serrano é advogado, sócio do escritório Tojal, Teixeira Ferreira, Serrano e Renault Advogados Associados, mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC-SP, onde leciona. Autor de O Desvio de Poder na Função Legislativa (editora FTD) e Região Metropolitana e seu Regime Constitucional (editora Verbatim). Coautor de Dez Anos de Constituição (editora IBDC).