quarta-feira, 28 de julho de 2010

"O Professor Está Sempre Errado" (Jó Soares)

O que é ser professor?  Esta parece uma pergunta retórica, mas só parece!  Este questionamento está na base das discussões pedagógicas, filosóficas, sociológicas, antropológicas e históricas sobre a atividade docente.  Muito se tem produzido teoricamente sobre o assunto.  Porém, na prática, no dia-a-dia das instituições nas quais realizamos nossas atividades, vivemos um clima de "cada um por sí e salve-se quem puder".  Ademais, os espaços de sociabilidades institucionais que ocorrem geralmente no início de cada semestre, as chamadas "Semanas Pedagógicas",  que deveriam ser voltadas à reflexão sobre a prática, com felizes exceções, são vistas pela maioria dos professores (pressionados a participar) como mera "perda de tempo" uma vez que são organizadas variavelmente com: dinâmicas de integração (que nem todos gostam), apresentação das regras institucionais (previamente decididas pela direção) uma ou outra palestra com professor pesquisador sobre temas pedagógicos (algumas vezes sem relação direta com a prática).  Soma-se a tudo isso a resistência de muitos professores, experientes ou não, com formação pedagógica ou não, em refletir sobre a sua prática.  
Não é à toa que se reproduzam, neste contexto de desvalorização da atividade docente, frases, textos, imagens e idéias que expressam determinadas representações do "Ser professor" e da Educação.  Vez por outra recebemos alguma em nossas caixas de mensagens, rimos muito (ou poderíamos chorar) e repassamos aos demais colegas.   Essas mensagens, no entanto, são carregadas de ideologias que indicam, em parte, o que se não acreditamos, acabamos por legitimar com a sua divulgação, algumas vezes incluindo comentários sarcásticos ou desanimados no cabeçalho.  Há também aquelas que supervalorizam a profissão ou a romantizam.  Felizmente é possível encontrar textos provocativos que, com humor refinado e assumindo uma perspectiva dialética, conseguem expressar a complexidade da questão, nos impelindo à reflexão. 
Inauguro neste blog uma página para postar, comentar e receber comentários sobre as representações do professor presentes nestes textos, afim de aprimorarmos o debate franco e consciente sobre a nossa prática e nos contrapormos às ideias deturpadas e parciais sobre a nossa profissão.
Para inaugurar  essa seção e provocar o início deste debate trago a crônica de Jô Soares "O Professor Está Sempre Errado".

O Professor Está Sempre Errado

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
Quando...
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um coitado.
Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta às aulas, é um “Caxias”.
Precisa faltar, é “turista”.
Conversa com os outros professores,
está “malhando” os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama à atenção, é um grosso.
Não chama à atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, “deu mole”.
É, o professor está sempre errado mas,
se você conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!

(Jô Soares)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Tópicos Esp. em Cien. Política (Questões)

QUESTÕES PARA ESTUDO DO TEXTO:

FINLEY, Moses I. Líderes e Liderados. In: ____________ Democracia antiga e moderna. Trad. Waldéa Barcellos, Sandra Bedran. Rio de Janeiro: Graal, 1998. (p. 17-53)

1. Como os argumentos da teoria da democracia “Elitista” reforçam o entendimento da “apatia” como ponto pacífico e “natural” das democracias ocidentais?
2. Considerando as reflexões do texto, argumente sobre a relação entre técnica e política no debate contemporâneo sobre teoria da democracia. (p. 28)
3. Considerando as características da democracia direta ateniense, estabeleça uma comparação com o sistema representativo atual. Discuta a pertinência da adoção de mecanismos de democracia direta no contexto contemporâneo. Quais as possibilidades e limites dessa iniciativa?
4. Explique as diferenças entre os modelos de democracia direta ateniense e o sistema partidário das democracias contemporâneas e a influência no “sentido” da liderança.
5. Considerando as reflexões do autor, qual a importância da educação para a promoção da participação política nas democracias contemporâneas?
6. Nas páginas finais, o autor destaca o surgimento de políticos profissionais e de burocratas (especialistas) que, nas democracias ocidentais, assumem o papel de “líderes” em detrimento de uma participação mais ampla e efetiva. Quais os principais elementos da crítica feita pelo autor?
7. O autor sugere que o sistema representativo contemporâneo está diretamente ligado ao fenômeno da apatia política. Discuta se esse processo “é algo necessário e desejável ou se novas formas de participação popular, com o mesmo espírito das atenienses, embora sem sua essência, precisam ser inventadas...? (p. 48)
8. Moses Finley argumenta que, apesar da grande linha divisória entre a democracia da Antiguidade e a Contemporânea, a comparação entre ambas serve de referência para a explicação de muitos aspectos relevantes da teoria da democracia. Exponha, sinteticamente os principais posicionamentos do autor quanto:
          a. A questão dos líderes e liderados
          b. A relação entre técnica e política
          c. O fenômeno da apatia política
          d. A questão da democracia direta e a democracia representativa
          e. O problema da imunidade dos líderes
          f. O papel da educação
          g. O surgimento dos políticos profissionais e crescimento da burocracia